Marina e Porto de Pesca da Póvoa de Varzim
Marina e Porto de Pesca da Póvoa de Varzim
Marina e Porto de Pesca da Póvoa de Varzim

O Porto da Póvoa de Varzim denominava-se Porto de Varzim (Porto de Veracim em português arcaico), na Idade Média. As origens do porto remontam ao século XI, dado que é desta época que a enseada começou a ser usada regularmente por embarcações, pelo facto de ser uma zona mais ou menos abrigada. Foi nesta pequena baía que o pescador POVEIRO desenvolveu toda a sua arte, gerando know-how na construção naval além do conhecimento dos mares, muito relevantes durante a era dos Descobrimentos, por exemplo. O porto foi outrora uma porta comercial com o Norte da Europa, posteriormente com o império português e é ainda um importante porto piscatório. Teve importância fundamental para o desenvolvimento da Póvoa de Varzim.

Em 1857, a Câmara local pediu ao rei um porto de abrigo “que seria em Portugal um porto tão bom, melhor que o de Vigo”. No entanto, o regime liberal não dá atenção às questões poveiras. Devido ao assoreamento da Barra da Póvoa, no início do século XX, vários pescadores passam a descarregar no Porto de Leixões, um novo porto artificial, para onde se muda uma parte significativa da população piscatória. A emigração para várias paragens é, nesta época, significativa. Só no período do Estado Novo é que o porto foi concluído, depois de 200 anos de pedidos por parte dos POVEIROS. As obras começaram em 1939 para terminar na década de 1950, sendo que um dos maiores defensores para a construção de um porto de abrigo, por toda a enseada, foi Vasques Calafate, professor e jornalista que defendia este desejo da classe piscatória local na imprensa de Lisboa e Porto. Hoje, no entanto, persistem os problemas de assoreamento devido à falta de manutenção da barra, afastando muitos dos pescadores locais, inclusive para portos galegos.

No molhe sul do porto, está hoje localizada a Marina da Póvoa de Varzim que foi construída, em conjunto com várias outras melhorias, no final da década de 1990, pela Câmara Municipal. É uma marina moderna, ideal para as embarcações de recreio que estejam a explorar a costa ocidental ibérica e para os fãs de desportos náuticos. Desenvolvida a partir de um projecto do Clube Naval Povoense, a gestão do espaço foi entregue ao clube. Hoje é uma marina de apoio à actividade náutica e recentemente tornou-se na mais destacada no Norte de Portugal. Caracteriza-se pela vida social e multi-culturalidade, com nautas de todo o mundo desde a Escandinávia e Reino Unido aos Estados Unidos e Austrália, que por ano são milhares e por ali ficam durante longos meses e até anos.

A zona do Porto de Pesca situa-se em frente ao Bairro Sul, verdadeiro quarteirão de pescadores que aí criaram uma comunidade fechada – colmeia – que evitava o contacto com outras gentes e se regia por regras próprias. Um ponto de interesse da zona é a Rua 31 de Janeiro, pedonal, o coração do bairro, que se prolonga até à Igreja da Lapa, datada de 1722, um templo onde a classe piscatória venera a sua padroeira, a Nossa Senhora da Assunção.

Caminhando para Norte, encontra-se o Monumento a S. Pedro, de 1996, sobranceiro ao Porto de Pesca, e pode também apreciar-se o Monumento à Peixeira, inaugurado em 1997, uma homenagem à mulher poveira que sempre teve um papel preponderante na colmeia piscatória da Póvoa. Surge então a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, edificada nos reinados de D. Pedro II e D. João IV com o objectivo de defender a Póvoa de Varzim dos ataques da pirataria, que é composta por quatro baluartes ligados pelas respectivas cortinas de muralhas. À entrada do Porto de Pesca, realce ainda para o Monumento ao Pescador, de José Cutileiro, inaugurado em 2004. Finalmente, ao longo do paredão que divide a praia da zona pesqueira, está instalado um Painel de Azulejos, cujo autor é o poveiro Fernando Gonçalves (Nando), retratando cenas da Póvoa antiga e dos heróis poveiros.

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