ENTREVISTA DE BRITO PINHEIRO AO “PÓVOA SEMANÁRIO” EM JANEIRO DE 2015

O “Póvoa Semanário” esteve à conversa com Brito Pinheiro (BP), mentor d’ O POVEIRO, que nos contou como tudo começou e as ideias para o futuro da marca.

PS – Como surgiu o projeto ?
BP – O projeto nasceu em 2013. Ao ler o livro “O Poveiro”, do António dos Santos Graça, livro que fala dos costumes, tradições e lendas das pessoas da Póvoa, percebi que seria uma boa oportunidade de desenvolver em imagem aquilo que lá estava exposto. Após ultrapassar algumas adversidades no que diz respeito ao registo da marca, objectivo alcançado, no S. Pedro do ano passado juntei um grupo de amigos, fizemos um jantar e fomos festejar já com O POVEIRO. Por isso, pode-se até dizer que O POVEIRO saiu à rua em Junho de 2014. Houve uma curiosidade geral, de toda a gente, ao ver as primeiros produtos d’ O POVEIRO. Depois, visto termos despertado grande interesse, reuni um grupo de trabalho, um conjunto de pessoas que sentem e amam a Póvoa. O POVEIRO é assim um projeto cultural cujo objetivo será a transposição da linguagem da obra do António dos Santos Graça, que é uma linguagem da década de trinta do século passado, para a linguagem de agora, contemporânea, típica deste novo século. Havia absoluta necessidade de ir habituando o nosso público alvo ao conteúdo da obra do autor, testando se as imagens construídas estariam de acordo com o imaginário das pessoas. Tentou-se que o design e a cultura estivessem unidos e, principalmente, tentou-se mostrar como é que era o livro, como é que eram as características d’ O POVEIRO, ou seja, estamos no fundo a tentar ter um papel ativo na cultura da cidade e a revelar aspetos históricos e sociais dos poveiros, com uma nova linguagem, julgamos que mais apelativa e apropriada. A página do Facebook d’ O POVEIRO está quase a bater os 10 mil seguidores, o que é extraordinariamente bom.

PS – Quais são os objetivos d’ O POVEIRO ?
BP – Em primeiro lugar, mostrar as nossas raízes. Ser um exemplo da imagem do que são as nossas tradições, as nossas gentes e representar um povo. Pretende-se dignificar os poveiros. O objetivo é também, daqui para a frente, tentar mostrar a Póvoa de uma outra forma. Assim, estamos a trabalhar para elevar a Póvoa e dignificar este povo maravilhoso. Mas reavivar a cultura local é uma expressão que resume o nosso objetivo.

PS – Estão satisfeitos com a adesão das pessoas ?
BP – Muito satisfeitos. Temos tido elogios tanto no facebook como pessoalmente. As pessoas estão-se a associar à marca e estão a gostar. A adesão é fortíssima e estamos mesmo a ser “empurrados” para que isto seja um projeto que não páre.

PS – Portanto, têm recebido opiniões positivas das pessoas. Qual o balanço que fazem até ao momento ?
BP – O balanço é necessariamente positivo. Por exemplo, estamos a ser constantemente interrompidos nesta conversa porque está muita gente a contactar-nos, com as pessoas a virem mesmo buscar “o peixe do poveiro”, que são os nossos produtos. Mas queria acrescentar uma coisa: esta nossa atividade, ao longo destes meses, significa, para nós, um aumento muito grande da responsabilidade, perante os poveiros e perante as várias instituições que os representam. É preciso perceber que se está a lidar com a história da Póvoa, com as características dos poveiros e por isso as coisas têm de ser obrigatoriamente muito bem feitas e pensadas, nos vários planos em que estamos a trabalhar.

PS – Já foram apresentados três coleções da marca. Tem havido muita procura ?
BP- As coleções intitulam-se “Anatomia do Poveiro”, “Safra da sardinha” e “Moro à beira do mar”. As pessoas têm estado atentas e a dar-nos os parabéns. Está a superar as expectativas dos próprios poveiros. As três coleções apresentadas, como as próximas, são baseadas no livro do Santos Graça. Ou seja, cada coleção que O POVEIRO vai apresentar é baseada em capítulos ou temas que o próprio autor desenvolveu. Estão outras duas colecções em produção, uma em acabamento e outra em estudo e desenvolvimento.

PS – E quanto ao futuro ?
BP- É um projeto de elevadíssima responsabilidade e temos de o desenvolver sem pressas, mas sem pausas. Pretende-se a partir dos próximos meses envolver no projeto a sociedade poveira e estabelecer parcerias com várias instituições da Póvoa. Pretende-se também implementar um cariz de solidariedade social da marca e estamos a estudar a melhor forma de o fazer. Queremos estudar parcerias com vários pontos de venda, na Póvoa e não só, e mais lá para a frente estabelecer um diálogo intenso com a diáspora poveira, em Portugal e no estrangeiro, por exemplo com as casas dos Poveiros espalhadas pelo mundo.